Você ganhou na loteria, sacou o FGTS, recebeu uma herança. Seja lá qual a origem, entrou um dinheiro a mais na sua conta. Um pensamento provável é: vou pagar minhas dívidas, incluindo o apartamento, que ainda restam 20 anos de parcelas. Mas será que vale a pena quitar um financiamento imobiliário?
“Entendo que é vantagem, sim, quitar o financiamento. A pessoa se livra da dívida. Em caso de não conseguir quitar tudo, ainda assim é benéfico, em virtude da diminuição dos juros pagos. Essa redução vai ser de acordo com os juros assumidos no contrato”, opina a economista Karla Simionato.
Para tomar qualquer decisão financeira, é fundamental pensar no conceito econômico do custo de oportunidade. No caso de um financiamento imobiliário, não é diferente. É preciso levar em consideração a taxa de juros e o custo efetivo total, em comparação com a melhor aplicação possível no mercado.
“Se a dívida do imóvel estiver, por exemplo, indexada a juros de 10% ao ano, só vale manter o financiamento se a aplicação conseguir mais do que isso. Não é muito fácil com as baixas taxas de juros que temos hoje”, orienta o economista, doutor em Administração de Empresas e professor universitário Carlos Honorato.
Ele cita o cuidado necessário para não usar o dinheiro em outras coisas, acabar perdendo tudo e não quitando o imóvel. “É fazer a comparação entre o custo da dívida e a rentabilidade e optar pelo melhor resultado”.
Vamos dar um outro exemplo. Pense num contrato antigo, em que restam 15 anos de parcelas, pagando uma taxa de 12% ao ano. No ambiente atual, a pessoa não conseguirá essa remuneração colocando dinheiro na poupança (rende cerca de 3,15% ao ano), por exemplo. Terá que investir em bolsa de valores ou outros ativos de risco – e pode, inclusive, perder recursos.
“A comparação deve ser feita entre taxas de juros e prazos. Se a taxa da dívida for maior que a da rentabilidade da aplicação, vale a pena quitar um financiamento imobiliário. Neste caso, eu faria a quitação após uma boa negociação, se livrando dos juros, quitando o imóvel e podendo, inclusive, vendê-lo, se desejar”, diz Honorato.
Ao quitar, cliente se livra das taxas de juros
Vale a pena quitar um financiamento imobiliário principalmente para se livrar das taxas de juros. Apenas quando o pagamento é de uma parte do contrato, uma amortização do débito, o valor das parcelas cai e o cliente continua com a dívida.
“Minha sugestão, nesses momentos em que se tem recursos e uma dívida grande, é procurar o banco, negociar um corte dos juros e até mudança do contrato antes de qualquer pagamento de maior montante”, ressalta o economista.
Para quem recebeu recursos do FGTS, também é viável quitar com esse valor. Honorato afirma que é necessário pensar o que a pessoa pretende fazer com o imóvel. Por exemplo, se o interesse é vender, primeiro coloque à venda, negocie e no ato do contrato quite o financiamento. A ideia sempre ter equilíbrio. Ou seja, evitar ter muito dinheiro parado, mas também não ficar sem nada para outros compromissos.
E se a pessoa está certa que vai investir a grana, Carlos Honorato pontua que há um grande desafio pela frente. “Vale observar os movimentos da bolsa de valores, escolher algumas empresas ou setores, deixar uma reserva e certamente aumentar um pouco o risco para ter maiores retornos. Lembre-se, a decisão deve ser sua, mas ouça conselhos, assista vídeos, acompanhe tendências e análises”.
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