Você já deve ter visto as fissuras que costumam aparecer em torno das aberturas nas paredes de alvenaria. Essas trincas podem evoluir para problemas mais graves e desvalorizam os imóveis. Elas são uma das principais patologias da Construção Civil e causam muitos transtornos e gastos na sua correção. Isso pode ser prevenido de forma muito eficiente com a utilização de algumas peças construtivas: as vergas, contraverga e os cintos de armação.
Elas devem ser empregadas sempre que houver portas e janelas nas paredes de vedação, ou seja, aquelas que separam os ambientes externo e interno das edificações.
Neste artigo você vai saber muito mais sobre a importância dessas estruturas e como devem ser implementadas nas obras.
Vamos começar entendendo como aparecem essas incômodas fissuras, que podem se transformar numa terrível dor de cabeça.
Tensões sobre as janelas e portas
Você deve saber que muitos esforços e tensões agem sobre as estruturas e paredes de uma construção, em decorrência do seu próprio peso, dos ventos, variações de temperatura que dilatam ou contraem os materiais, umidade, trepidações, acomodações do terreno, entre outros fatores.
Bem, numa parede externa totalmente lisa as tensões ocorrem no sentido vertical, de cima para baixo, e se distribuem de maneira uniforme sobre toda a alvenaria. No entanto, numa parede com portas e janelas os esforços se redistribuem, concentrando-se com mais intensidade sobre as quinas e o centro das aberturas.
Por esse motivo, normalmente você vê as famosas fissuras, que parecem rugas, saindo dos cantos das portas e janelas em ângulos de cerca de 45 graus e também do seu centro, em ângulos de 90 graus.
Essas fissuras ou trincas podem acontecer apenas superficialmente, no revestimento externo. Mas também podem atingir a própria argamassa de assentamento dos blocos ou tijolos ou até mesmo atingir o próprio bloco ou tijolo.
CONTEÚDO ESCOLHIDO A DEDO PARA VOCÊ:
» 4 Patologias na Construção Civil que você precisa conhecer
Diferença da fissura, trinca e rachadura
É importante você saber que, embora sejam tratadas como uma coisa só, fissura, trinca e rachadura não são exatamente a mesma coisa.
A diferença está, justamente, na espessura de cada uma, na extensão que alcançou o problema. Conforme a NBR 9575:2003, que trata de impermeabilização, elas podem ser chamadas da seguinte maneira:
- As microfissuras têm abertura inferior a 0,05 mm.
- As fissuras têm aberturas com até 0,5 mm, estreitas e alongadas.
- As trincas são mais profundas e mais evidentes, maiores de 0,5 mm e menores de 1,0 mm.
No primeiro caso, não provocam maiores danos que a má aparência, mas nas situações mais graves, quando se tornam maiores, podem absorver umidade, provocar mofo e a degradação do imóvel.
Já as rachaduras são bem maiores, aparecem em qualquer parte das paredes e por elas podem passar água ou até mesmo vento.
Uma das opções para enfrentar o problema é abrir e preencher as fissuras com um material veda-trinca. Outra alternativa é remover o reboco, colocar uma tela metálica sobre a fissura e cobri-la novamente com o reboco.
O mais importante é jamais subestimar os danos de uma fissura, tome providências se isso aparecer no seu imóvel, antes que a situação piore.
Mas o melhor mesmo é prevenir!
Vergas e contravergas
Por isso, ao erguer as paredes o construtor precisa reforçar as aberturas com verga e contraverga para que suportem as tensões sem a alvenaria ceder e sem fissurar. Veja agora o que é e como funciona cada uma delas.
Ambas são peças estruturais parecidas com as vigas, feitas de aço e concreto, mas em tamanho menor.
A verga é alojada sobre a janela ou porta no sentido horizontal, ou seja, na parte de cima do vão. Ela recebe as tensões que vem de cima e as distribui para as paredes laterais da abertura, aliviando a carga sobre ela.
Já a contraverga é colocada na parte de baixo da janela, apenas, não se coloca contraverga nas portas. Portanto, a diferença entre uma e outra está no seu posicionamento.
Quando houver mais de uma abertura numa mesma parede elas devem ser contínuas, abrangendo todos os vãos.
Comprimento e altura
Quanto ao comprimento, para que elas tenham o desempenho esperado, é fundamental que ultrapassem o vão da janela ou porta nos dois lados, na proporção de 20% em relação ao tamanho do vão.
Por exemplo, se for um vão de dois metros, devem ultrapassar em 40 cm as laterais do mesmo para ambos os lados. Se for de 1,5 metro, precisa ultrapassar 30 centímetros.
Em relação à altura, aplica-se a regra dos 10%, ou seja, para uma verga ou contraverga de dois metros, a altura deve ser de 20 centímetros; com um metro, 10 centímetros.
Mas há quem prefira fazer todas as vergas e contravergas com 20 centímetros de altura, para ficarem niveladas com o bloco ou tijolo.
Muita atenção para isso :
Vãos grandes, acima de dois metros, são mais complicados e precisam de um cálculo estrutural por profissional habilitado. Também é fundamental que AS DUAS sejam colocadas nas janelas. Se tiverem apenas a verga, aparecerão as temidas fissuras, mais dia menos dia. Não corra esse risco.
Como colocar vergas e contravergas
Essas minivigas podem ser feitas no próprio local onde vão ficar (in loco). Neste caso, serão necessárias as formas de execução, as escoras, e alguns dias de espera para serem retiradas. Isso pode demorar uma semana ou pouco mais.
Também podem ser pré-fabricadas no canteiro da obra para serem deslocadas e instaladas na parede, posteriormente, mas pode haver alguma dificuldade extra nesse transporte.
Para facilitar tudo isso, muitos usam os blocos canaleta como se fossem as formas da viga, sendo preparada com mais rapidez e praticidade.
Quanto à armadura, nos vãos de até dois metros ela pode ser feita com dois vergalhões de 6,3 mm, colocados a três centímetros do fundo e cerca de dois centímetros um do outro. Eles devem se estender cerca de 20 centímetros além das extremidades do vão.
Ante de prosseguir, deixe eu lhe apresentar esta sugestão muito interessante: o nosso Ebook que ensina a fazer um cronograma de obra eficiente, para que você consiga cumprir os prazos de seus empreendimentos.
Cinta de amarração
Vamos agora às cintas de amarração, que também não podem faltar na obra de prédios. Elas são elementos estruturais que servem para “amarrar” a alvenaria ou os tijolos, para que tenham mais solidez.
Elas ficam apoiadas sobre as paredes, com a função de distribuir e uniformizar as cargas atuantes sobre elas. São aplicadas onde há duas ou mais aberturas, funcionando como se fosse uma verga contínua.
Também servem para prevenir os recalques diferenciais, que são a principal causa de trincas e fissuras. Eles acontecem quando uma parte da obra rebaixa mais que outra, gerando esforços estruturais não previstos podendo até levar a obra à ruína.
Certo, mas e como fazê-las?
Podem ser executadas com concreto armado ou com blocos canaleta. A cinta deve ser construída em toda a extensão da construção, acima da alvenaria.
Os vergalhões podem ser mais finos, porém o ferro 3/8 é o mais utilizado nessas situações, garantindo maior sustentação e segurança.
O traço ou composição do concreto é o comum, o mesmo usado nas estruturas, mantendo-se a mesma resistência dos concretos das lajes e vigas.
Detalhe importante:
Nas edificações térreas usa-se duas cintas de amarração, uma na altura de 1m10cm e outra na altura de 2m20cm.
Sem a cinta de amarração, embora a parede pareça sólida e bem feita, com o tempo vai ter problemas graves, por isso também não pode faltar nunca.
Classificação do SINAPI
Como você viu, as formas de produzir cada uma dessas estruturas são bastante variadas. Tanto que, nas composições de preços do SINAPI – Caixa Econômica Federal, elas são classificadas da seguinte maneira:
- Vergas pré-moldadas para janelas e portas;
- Vergas moldadas in loco, em concreto, para janelas e portas;
- Vergas moldadas in loco, com utilização de blocos canaleta, para janelas e portas;
- Contravergas pré-moldadas;
- Contravergas moldadas in loco, em concreto;
- Contravergas moldadas in loco, com utilização de blocos canaleta;
- Cintas de amarração de alvenaria moldadas in loco, em concreto;
- Cintas de amarração de alvenaria moldadas in loco, com utilização de blocos canaleta.
Elementos fundamentais
As exigências por qualidade nas obras são cada vez maiores e se as empresas quiserem ser competitivas não podem descuidar de tudo que contribua para isso.
Nesse caso, as vergas, contravergas e cintas de amarração representam segurança para as edificações e evitam muita dor de cabeça para construtores e usuários.
Por isso é, muito melhor não economizar nesses elementos tão fundamentais, fazer tudo de acordo com o projeto, com bons profissionais e os melhores materiais.
O resultado vai ser bom para todo mundo.
Espero que essas informações tenham sido úteis para você. Deixe sua opinião, ela é importante para nós, e compartilhe o artigo. Até o próximo!
Vergas e Contravergas: garanta a segurança estrutural para suas obras Publicado primeiro em https://www.sienge.com.br
No comments:
Post a Comment