Você há de concordar que poucos setores são tão importantes para a economia como o mercado imobiliário. A boa notícia é que ele apresenta indicadores de uma recuperação real do setor, apesar das incertezas no cenário político nacional.
Neste sentido, todas as avaliações apontam um crescimento significativo nos negócios do neste ano, em comparação com 2017.
Porém, houve uma desaceleração no ritmo das vendas nos últimos meses, em função do baixo desempenho da economia em geral. Mesmo assim, a retomada dos negócios deve prosseguir.
Você vai ver os últimos dados, a seguir, que apresentam o cenário completo do mercado imobiliário em 2018.
Aumento nos lançamentos de imóveis
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) divulgou o seu levantamento sobre o desempenho do setor do segundo trimestre no País.
Na pesquisa, a entidade constatou que, de abril a junho, houve um aumento de 41,5% nos lançamentos de imóveis novos (25.681 unidades) em relação ao mesmo período de 2017.
Já nos 12 meses, até junho, foram lançadas 92.338 unidades, volume 34,4% superior aos 12 meses precedentes.
Quanto às vendas de imóveis novos, foram 114.882 unidades vendidas em 12 meses, uma alta de 11,5% em relação aos 12 meses anteriores.
Imóveis residenciais de médio/alto padrão
Entre os destaques que mais colaboraram para os resultados positivos do segundo trimestre, a Abrainc cita o avanço dos lançamentos residenciais de médio e alto padrão (MAP).
O aumento foi de 31,8% em volume na comparação com o segundo trimestre de 2017.
Imóveis novos do programa Minha Casa Minha Vida (Imagem: Pref. Itanhaém)
Também contribuíram bastante os lançamentos do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), com alta de 41,3% comparação com o mesmo período do ano passado.
Em combinação, o resultado dos segmentos residenciais encerrou o segundo trimestre com alta de 39,6% nos lançamentos e 8,1%, nas vendas, diz o relatório.
Condições se deterioraram no trimestre
O avanço em relação ao ano anterior, conforme esses indicadores, é indiscutível.
Mas o Radar Abrainc/Fipe, ferramenta de avaliação das condições do mercado, alerta que a situação piorou em relação aos primeiros meses do ano. Ele analisa variáveis como o ambiente macroeconômico, demanda do setor, crédito imobiliário e ambiente do setor.
Queda nos juros favoreceu retomada dos investimentos (Imagem: Wikipedia)
Num horizonte mais amplo, de 12 meses, há sinais de recuperação em quase todas as dimensões monitoradas pelo Radar:
- Ambiente macroeconômico, pelo aumento da confiança e do nível de atividade.
- Crédito imobiliário, devido à queda da taxa de juros.
- Ambiente setorial, via aumento do número de lançamentos pelo segmento de incorporação.
A única exceção nesse quadro geral favorável é a lenta recuperação dos indicadores de demanda, especialmente dos níveis de emprego e de renda da população brasileira.
Porém, a análise aponta que “as condições gerais do mercado imobiliário se deterioram no segundo trimestre de 2018”.
Em função disso, o período se encerra com nota média de 4,3 na escala entre 0 (menos favorável) a 10 (mais favorável). Isto significa um recuo de 0,2 ponto em relação ao trimestre anterior e a dezembro de 2017
Você vai saber porque isso aconteceu:
“Pesaram no comportamento da nota média geral do Radar os recuos observados em indicadores do ambiente macroeconômico e demanda, influenciados, em alguma medida, por eventos de natureza conjuntural (como a paralisação dos caminhoneiros), que afetaram a atividade econômica e a confiança dos agentes no período”, diz o Radar da Abrainc.
Ainda assim, a análise ressalta que houve um avanço de 0,5 ponto nos últimos 12 meses (junho/2017).
Destaques da CBIC
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), por sua vez, apresentou o estudo Indicadores Nacionais do Mercado Imobiliário.
Ele traz os seguintes destaques no final do segundo trimestre:
- Os lançamentos apresentaram um aumento de 119,7% em relação ao trimestre anterior e um aumento de 19,9% em relação ao mesmo trimestre de 2017.
- As vendas apresentaram um aumento de 17,3% em relação ao trimestre anterior e um aumento de 32,1% em relação ao mesmo trimestre de 2017.
- A oferta final apresentou uma queda de -1,1% em relação ao trimestre anterior e uma queda de 14,4% em relação ao mesmo trimestre de 2017.
- A oferta final do 2º trimestre de 2018 seria escoada em 12 meses, considerando a média mensal de vendas do próprio trimestre. Há um ano, este indicador era de 19 meses.
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Imóveis compactos lideram vendas em SP
Seguindo a mesma tendência, a Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo Departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), apurou em julho de 2018 a comercialização de 1.542 unidades residenciais novas.
Divulgado agora, em setembro, o resultado de julho é 32,6% inferior em comparação às 2.288 unidades comercializadas em junho.
Comparado às 1.238 unidades vendidas em julho de 2017, no entanto, houve aumento de 24,6%.
No acumulado de 12 meses (agosto de 2017 a julho de 2018), foram vendidas 28.046 unidades, um aumento de 62,4% em comparação ao período de agosto de 2016 a julho de 2017, quando as vendas totalizaram 17.274 unidades.
Os produtos mais comercializados continuam sendo os imóveis compactos, com área útil de até 45 m², 2 dormitórios, com menos de 45 metros quadrados, e valores médios de até R$ 240 mil.
Eles estão situados, principalmente, na faixa do programa Minha Casa, Minha Vida.
Em julho, a quantidade de lançamentos de imóveis econômicos (1.573 unidades) superou a de outros segmentos de mercado (1.056 unidades), relata o Secovi-SP.
Ambiente político preocupa
Para o presidente do Secovi-SP, Flavio Amary, as incertezas no ambiente político são motivo de grande preocupação, com importantes reflexos na economia. Ele lembra que os dados da pesquisa são de julho, período em que ainda não haviam se consolidado as campanhas eleitorais.
“Enquanto persistir a indefinição política, principalmente no tocante à sucessão presidencial, os empreendedores não sentirão confiança para investir e os consumidores para assumir compromissos de longo prazo, como é a aquisição de imóvel. Superadas as eleições e iniciado o período de transição, poderemos ter novas perspectivas quanto ao futuro da economia”, afirmou.
Ao jornal Estado de são Paulo, ele projetou que deve haver uma redução entre 8% e 10% no volume de lançamentos, resultando em aproximadamente 28 mil unidades lançadas no ano.
Em compensação, quanto às vendas, a expectativa é de crescimento entre 10% e 17%, chegando a algo em torno de 25 mil a 27 mil unidades comercializadas no ano.
Desabastecimento de imóveis
Já o presidente da CBIC, José Carlos Martins, alertou que o mercado imobiliário pode sofrer um desabastecimento de imóveis residenciais novos no médio prazo, com o crescimento das vendas.
Para isso não acontecer, ele disse que devem ser resolvidos os gargalos existentes na concessão de crédito para a construção.
O estoque de imóveis novos disponíveis para venda no País chegou ao fim de junho com 124.715 unidades, queda de 14,4% em um ano, segundo levantamento da CBIC.
Considerando a velocidade atual de comercialização dos imóveis, o estoque atual é suficiente para abastecer o mercado por 12 meses. Há um ano, o estoque tinha duração de 19 meses.
Injeção de dinheiro no mercado imobiliário
Uma boa notícia para o mercado imobiliário veio do Conselho Monetário Nacional (CMN). No final de julho, ele ampliou de R$ 950 mil para R$ 1,5 milhão o limite para financiar imóvel com o FGTS pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Conforme a revista Exame, representantes do setor acreditam que isso deve incrementar os
lançamentos de novos empreendimentos.
“Em nota a clientes, a equipe do BTG Pactual entende que a medida beneficiará sobretudo as construtoras de imóveis de alto padrão”, informa a publicação.
O governo estima que isso deve injetar cerca de R$ 80 bilhões no mercado imobiliário.
Alta nos preços
Em função da reação que houve neste ano, outra aposta do setor é que a queda nos preços vai se estabilizar e eles voltarão a subir, após as eleições.
O mais importante é que, em maior ou menor velocidade, todas as análises apontam para uma continuidade da recuperação do setor.
É hora portanto, das construtoras, incorporadoras e imobiliárias ajustarem seus processos para uma demanda que tende a crescer nos próximos meses e em 2019.
As vendas devem aumentar para quem souber oferecer alternativas interessantes para um mercado consumidor de imóveis que é imenso no País e só aguarda boas oportunidades.
Mercado imobiliário 2018 reage e deve continuar crescendo Publicado primeiro em https://www.sienge.com.br
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