Como você sabe, de uns anos para cá, a sustentabilidade passou a fazer parte das prioridades da Construção Civil. É mais um desafio para construtoras e incorporadoras, diretamente relacionado com a questão da eficiência na gestão das empresas.
Isto porque, a cada dia, aumenta a demanda por construções que não agridam o meio ambiente.
E é difícil fugir disso!
Estamos numa sociedade alarmada com os sinais de que a degradação ambiental chegou a um limite perigoso. O desmatamento, a poluição do ar, o desaparecimento de espécies, a mudança climática e acidentes como o da Samarco contribuem para isso.
Vemos, então, os especialistas e a opinião pública cobrando de todos, principalmente das empresas, uma atitude mais responsável na utilização dos recursos naturais.
Mas por que a Construção Civil é tão importante quando se fala de sustentabilidade?
Alto consumo de recursos naturais
Acontece que este é o setor de todas as atividades humanas que mais consome recursos naturais, segundo o Conselho Internacional da Construção (CBI).
É também o que utiliza energia de maneira mais intensiva, gerando consideráveis impactos ambientais.
Veja o que diz o Ministério do Meio Ambiente:
“Além dos impactos relacionados ao consumo de energia, há aqueles associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades humanas sejam provenientes da construção.”
Neste sentido, o ministério apresenta como principais desafios do setor a redução e otimização do consumo de materiais e energia. Também a diminuição dos resíduos gerados.
O que se recomenda para isso:
- Mudança nos conceitos de arquitetura convencional, na direção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para futuras mudanças. Isso facilita o uso e atendimento de novas necessidades, reduzindo as demolições.
- Busca de soluções que potencializem o uso racional de energia ou de energias renováveis.
- Gestão ecológica da água.
- Redução do uso de materiais com alto impacto ambiental.
- Redução dos resíduos da construção com modulação de componentes para diminuir perdas e especificações que permitam a reutilização de materiais.
Você deve estar perguntando de que maneira implementar isso tudo.
Vamos ver.
Passar da teoria à prática
Mais da metade dos resíduos sólidos são gerados pela construção civil (Imagem: Pixabay)
O grande desafio é, realmente, passar da teoria à prática. Neste sentido, o Sebrae indica como referências importantes as normas da ABNT para tornar a construção sustentável.
Entre elas, vale citar a ABNT NBR 15112:2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes.
Ela orienta como projetar, implantar e operar uma área de transbordo e triagem. É fundamental para a gestão correta dos resíduos sólidos, reduzindo os impactos no ambiente.
A ABNT também disponibiliza normas específicas sobre o uso de blocos de vidro na construção civil, como a ABNT NBR 15215-1:2005 – Iluminação natural – Parte 1: Conceitos básicos e definições.
Esses blocos são muito utilizados na construção de paredes para realçar a iluminação natural e reduzir o consumo de energia.
Mas tem mais.
Também existem normas da ABNT sobre aquecimento solar da água, reaproveitamento da água da chuva em coberturas de áreas urbanas, tanques sépticos onde não existe esgotamento sanitário, tijolo de solo-cimento e outras.
O reaproveitamento da água da chuva tem sido bastante incorporado nos projetos de novas casas, edifícios e outros empreendimentos, como estádios de futebol. Além de ser sustentável, traz uma economia razoável para os donos dos imóveis.
Logicamente, também devemos lembrar do uso da energia solar fotovoltaica, uma tendência cada vez mais forte nas edificações de construção sustentável.
A produção em maior escala reduziu bastante os custos de instalação dos painéis solares.
Seu emprego tem sido frequente para a iluminação das áreas comuns dos empreendimentos, como estacionamentos, pátios e playground.
Agora é que vem o grande problema!
Desperdícios e geração de resíduos
Sem dúvida, é nos desperdícios e na geração de resíduos que está a maior dificuldade da construção civil para tornar-se sustentável.
Grande parte do problema está na falta de uma boa gestão, que previna as perdas dos materiais de construção que se tornam resíduos.
A redução dos desperdícios representa uma postura ambientalmente correta dos construtores, que se reflete em diminuição de custos e maior lucratividade das empresas.
Vamos ver um pouco mais sobre isso.
Estimativas das perdas na construção civil
Uma estimativa antiga diz que de cada três prédios construídos poderia ser erguido um quarto com o material desperdiçado.
Outra pesquisa mais recente fala de uma perda média de 8% num levantamento em mais de 100 obras. Mas nos itens como a argamassa, os desperdícios chegam a 50% em algumas obras, apontou o mesmo estudo.
Quanto ao cimento, o desperdício varia de 8% a 288%, sem falar de outros itens.
Isto representa um prejuízo muito grande, sob todos os aspectos. A indústria da construção não pode continuar convivendo com tamanho impacto no meio ambiente e nas suas próprias finanças.
Conheça sugestões práticas contra os desperdícios
- Use um software ERP para acompanhar seus planejamentos que permita a compatibilização de projetos, assim sua obra terá menos custos com erros, retrabalho e perda de material.
- Prepare-se para dias de chuva. Tenha sempre um plano de ações em locais cobertos; se a obra for totalmente exposta a chuva considere no tempo uma margem de erro em caso de chuvas.
- Garanta que os materiais e equipamentos sejam transportados corretamente pelo canteiro; evite deslocamento de material em longos trajetos.
- Programe as compras necessárias para toda a obra; lembre-se de que comprar tudo de uma vez pode reduzir o custo de compra, mas que a compra em etapas pode reduzir o desperdício com mudanças de projeto.
- Trabalhe com a técnica Just in Time, onde o fornecedor entrega os materiais somente quando estiver prevista a utilização, assim evitando acúmulo de estoque;
- Defina o melhor local para armazenagem de materiais e reveja esse local sempre que necessário; sacos de cimento e argamassa devem ficar em locais sem umidade e protegidos tanto da chuva quando do sol forte. Materiais frágeis devem ser armazenados em pilhas e a compra, preferencialmente, deverá ocorrer próxima à data de utilização; Mantenha o canteiro de obras limpo e sempre bem arrumado;
- Cuidado com pontos de água parada que permitam a procriação do Aedes Aegypti.
Há outro modo interessante de praticar a sustentabilidade no manejo dos rejeitos.
Reaproveitamento de materiais
As sobras dos materiais da construção muitas vezes são jogadas no lixo comum ou em terrenos baldios. Significam poluição ambiental grave.
Os números indicam que nada menos que 60% do lixo sólido das cidades vêm da Construção Civil e 70% desse total poderiam ser reutilizados!
Mas, como ressalta o Sebrae, o reaproveitamento de materiais em boas condições pode tornar o processo de construção mais barato. E há muita coisa que pode ser reaproveitada.
Já o que não puder ser reutilizado ou reaproveitado deve ser descartado em locais bem preparados para receber o entulho. Isto diminui o impacto ambiental do lixo produzido.
Uma boa dica é fazer parcerias com cooperativas que utilizem embalagens e outros materiais em processos de reciclagem.
Resolução do Conama
Não podemos esquecer que, de acordo com a Resolução 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama, o gerador do resíduo é o responsável pela sua triagem e destinação. Ela determina que os materiais devem ser classificados e mantidos em locais adequados.
Eles podem ser classificados em quatro classes:
Classe A: São os reutilizáveis ou recicláveis como agregados, que precisam ser destinados às usinas de reciclagem, como resíduos de tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa, concreto, blocos, tubos, meio-fios, etc.
Classe B: Recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso. Podem ser destinados às cooperativas de reciclagem ou para indústria.
Classe C: Não SÃO recicláveis por falta de tecnologias, como o gesso e o isopor. /deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.
Classe D: Resíduos perigosos como tintas, verniz, óleos e outros como telhas e demais materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. Também deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.
Agora, antes de continuarmos, deixe eu apresentar a você uma ótima dica, o nosso Ebook “Como Fazer Gerenciamento de Resíduos na Construção Civil”.
Ele oferece um roteiro detalhado de como conduzir os processos no empreendimento de maneira a gerar o mínimo de resíduos e dar-lhes a destinação correta.
O guia recomenda, por exemplo, que a construção deve ser baseada em materiais que devem ser encomendados com precisão de acordo com o que será utilizado.
Mas tem mais.
Vale a pena você prestar atenção nas dicas da Projelet Ecom, empresa de Belo Horizonte com expertise na gestão da sustentabilidade na Construção Civil.
São recomendações muito interessantes:
Integre-se a fornecedores e parceiros estratégicos:
É muito importante buscar parceiros que também se preocupam com a sustentabilidade na construção civil. Com outras empresas, você pode desenvolver parcerias e estratégias importantes para promover a construção sustentável.
Para encontrar um parceiro, pense em uma empresa que também esteja interessada em se capacitar e a seguir referências para a sustentabilidade no setor.
Conheça fornecedores cujos produtos possuem valor estratégico, considerando os principais materiais e serviços contratados no desenvolvimento de projetos sustentáveis, e entre em contato com eles.
Conheça referências sobre sustentabilidade na Construção Civil
É importante conhecer e analisar o que já vem sendo trabalhado nacionalmente e internacionalmente.Uma forma eficiente para adquirir conhecimento é buscando quem é referência na área.
Também procure dar uma atenção especial aos selos e normas de sustentabilidade para obras. Eles darão bons exemplos de boas práticas sustentáveis na construção. Por exemplo:
- ABNT: NBR 15575 – Norma de Desempenho
- Green Building Council Brasil (GBCB): Certificação LEED
- Eletrobras: Etiqueta Procel Edificações
- Forest Stewardship Council Brasil (FSC): Certificação FSC
- Fundação Vanzolini: Selo AQUA
- Caixa: Selo Casa Azul
Desenvolva em sua empresa uma cultura sustentável
Para promoção da Construção Civil sustentável é importante implementar práticas na empresa que visem o desempenho socioambiental. Dessa forma, é possível trazer uma mudança em sua estrutura organizacional e também nos serviços ou produtos que a organização oferece ao mercado.
Uma ação primária, mas essencial, é estimular o engajamento dos colaboradores através da sustentabilidade organizacional. Pequenas ações como o gerenciamento de resíduos, por exemplo, são significativas.
Finalmente, quero reforçar mais uma coisa para você.
Tecnologia para a sustentabilidade
Toda empresa precisa de tecnologia para avançar e conquistar mercado e essa é uma regra que vale também quando falamos em sustentabilidade.
Por isso, leve em consideração a adoção de um software que aprimore os processos de gestão da sua construtora. Que controle de maneira eficaz todos os estoques, as compras e o fluxo de materiais no canteiro.
Existem muitos softwares para isso. Mas pode ser mais adequado o emprego de um sistema ERP como o Sienge, que integra as informações de todas as áreas da empresa.
Pode acreditar, isto será muito útil na prevenção dos desperdícios, na redução dos resíduos e você sentirá uma sensível diferença nos seus custos.
Antes de concluir, vou lhe deixar mais uma ótima sugestão, este Ebook que trata do “Controle de Qualidade e sua Contribuição para Sustentabilidade na Construção Civil”.
Você vai gostar.
Vantagens da sustentabilidade
Os empreendedores estão acordando para a realidade de que precisam desenvolver uma nova cultura de negócios, onde as empresas também têm um papel socioambiental a cumprir.
Além de contribuir diretamente para o equilíbrio do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas, as construtoras que assumem esse compromisso tornam-se mais competitivas.
Elas precisam ser mais eficientes para ser sustentáveis e, assim, todos os seus processos evoluem juntos. Pesquisas mostram que essa preocupação é muito valorizada pelos consumidores e atrai uma clientela disposta a pagar mais por isso.
A construção sustentável agrega valor à marca e fortalece a imagem das empresas no mercado.
Como você vê, quem busca a sustentabilidade tem grandes vantagens a contabilizar.
Sustentabilidade na Construção Civil se faz com gestão eficiente também Publicado primeiro em https://www.sienge.com.br
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