Friday, October 4, 2019

Saiba quais critérios de sustentabilidade aplicar nas suas obras

Os critérios de sustentabilidade na construção civil não podem mais ser ignorados, pelos empreendedores do setor. Precisam ser conhecidos por todos que atuam nessa área.

Afinal, como você deve saber, a demanda por edificações sustentáveis é cada vez maior no mercado brasileiro e mundial.

Vista apenas como um apelo comercial, até alguns anos, a sustentabilidade hoje é, sem dúvida alguma, um tremendo diferencial competitivo.

O governo federal, por exemplo, desde 2010 adota exigências dessa natureza nas licitações das suas obras. 

critérios de sustentabilidade 1

Além disso, para se tornarem sustentáveis, as construtoras e incorporadoras são obrigadas  a repensar a eficiência dos seus empreendimentos. 

Dessa forma, conquistam novos patamares de produtividade e avançam na qualidade final dos produtos que colocam à venda. Com os aplausos do consumidor. 

Muitas empresas brasileiras já escolheram esse caminho. Tanto que o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de obras sustentáveis, à frente de países desenvolvidos, como a Alemanha.

Surpreso com esse dado? Siga a leitura e você vai descobrir que há muito mais razões para as construtoras brasileiras investirem na sustentabilidade e crescer com ela.

Sustentabilidade nas obras: uma exigência do mercado

Evoluir para a construção sustentável está deixando de ser uma opção para se tornar, velozmente, uma exigência do mercado. 

Essa é a realidade e quem enxergar isso mais cedo larga em vantagem.

Você quer saber os motivos?

Em primeiro lugar, porque a construção civil é reconhecida mundialmente como uma das áreas com menor grau de evolução tecnológica e a de maiores desperdícios.  

Este cenário você deve conhecer muito bem:

  • Durante os primeiros meses, milhares de pranchas são impressas e reimpressas, por alterações de versão. 
  • Desde os primeiros dias de construção, saem do canteiro caçambas abarrotadas de todo tipo de entulho. 
  • Estruturas são erguidas e depois demolidas para passagem de tubulações. 
  • Placas de gesso precisam ser cortadas por falta de modulação. 
  • Quantidades consideráveis de tubos e conexões são desperdiçadas por ainda serem utilizados sistemas tradicionais.
  • Nisso tudo, muita água e energia são empregadas, muito além da conta.

Sobram exemplos de como a falta de inovação na construção civil gera desperdícios e, obviamente, torna os projetos não-sustentáveis. 

Nesta época de grandes preocupações ambientais, a pressão social e econômica para que o setor evolua neste quesito é enorme.

Especialmente no Brasil, que está sempre no centro das atenções mundiais, quando o assunto envolve preservação dos recursos naturais largamente empregados no setor. 

Sustentabilidade contra o desperdício e o retrabalho

Nesse novo cenário econômico é essencial para o empreendedor da área considerar a sustentabilidade como uma ação estratégica. 

Ela tem impactos não só na redução de resíduos no canteiro de obras, mas também na eliminação de retrabalhos e práticas que trazem má qualidade ao produto final.

Segundo o Green Building Council Brasi (GBC), que certifica edificações sustentáveis no mundo todo, a média de reduções com projetos desse tipo no país é a seguinte:

critérios de sustentabilidade 2

Imagem: GBC Brasil

Isto significa que a sustentabilidade é uma ferramenta não só para a preservação do meio ambiente, mas também para a diminuição dos custos da construção. 

Ainda aumenta a competitividade das empresas e traz economia para o usuário final das edificações, a médio e longo prazo. 

Sustentabilidade: ranking de países

Veja no ranking do Green Building Council a lista dos países que mais se destacam na produção de edificações sustentáveis.

O GBC realiza a classificação dos países em termos de metros quadrados brutos certificados LEED. Neste caso, até 31 de dezembro de 2018.

Ranking

País/Região

Número de Projetos

Metros Quadrados Brutos

1

China

1,494

68.83

2

Canadá

3,254

46.81

3

Índia

899

24.81

4

Brasil

531

16.74

5

Coreia do Sul

143

12.15

6

Turquia

337

10.90

7

Alemanha

327

8.47

8

México

370

8.41

9

Taiwan

144

7.30

10

Espanha

299

5.81

**

Estados Unidos

33,632

441.60

É um ótimo resultado para o Brasil, você não acha? 

Principalmente, considerando-se o cenário de desaceleração da economia nos últimos anos.

Mas ainda há muito por fazer, já que esta posição reflete apenas 2% do mercado da construção civil em nosso país.

Vale destacar que os Estados Unidos ocupam o pódio e muitos desses conceitos de certificação já foram incorporados às suas políticas públicas, inclusive.

Critérios de sustentabilidade das certificações 

Chegou a hora de você saber quais são, exatamente, os critérios de sustentabilidade mais decisivos para que uma obra seja considerada sustentável.

Vou tomar como referência os principais certificados de sustentabilidade adotados no Brasil, que são os selos LEED, AQUA, PROCEL EDIFICA e o SELO CASA AZUL da Caixa Econômica Federal.

1- Critérios da sustentabilidade: LEED

A certificação LEED ou Leadership in Energy and Environmental Design foi desenvolvida em 1996, nos Estados Unidos, pelo já citado Green Building Council.

Trata-se de um sistema que orienta, padroniza, mensura, classifica e certifica Green Buildings, documentando as fases de projeto, construção e utilização de acordo com critérios de:

  • Eficiência de uso de água;
  • Eficiência energética;
  • Materiais e recursos;
  • Qualidade ambiental interna;
  • Inovação e processo.

Este é o programa de construções sustentáveis mais utilizado no mundo. São 96.275 projetos registrados e certificados em mais de 167 países e territórios.

Veja abaixo a média de reduções no Brasil segundo o GBC Brasil.

Vamos ao próximo.

2- Critérios de sustentabilidade: AQUA

A certificação AQUA é o fruto de uma parceria entre a Fundação Vanzolini e o Centre Scientifique et Techinique du Bâtiment, instituto francês que é referência mundial na construção civil.

Ela estabelece 14 critérios de análise e, em cada um deles, a edificação pode receber a qualificação “Bom”, “Superior” ou “Excelente”. 

Estes critérios são divididos em quatro grandes categorias que avaliam a gestão ambiental das obras e as especificidades técnicas e arquitetônicas:

  • Eco-construção: relação do edifício com o seu entorno, escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos e canteiro de obras com baixo impacto ambiental;
  • Eco-gestão: gestão da energia, da água, dos resíduos de uso e operação do edifício e manutenção e permanência do desempenho ambiental;
  • Conforto: conforto higrotérmico, acústico, visual e olfativo;
  • Saúde: qualidade sanitária dos ambientes, do ar e da água.

3- Critérios de sustentabilidade: PROCEL EDIFICA

Já a certificação PROCEL EDIFICA foi criada em dezembro de 1985, pelos Ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio. 

Ela busca promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica.

A etiqueta é concedida em dois momentos: na fase de projeto e após a construção do edifício. 

Nos edifícios comerciais, de serviços e públicos são avaliados em três sistemas: envoltória, iluminação e condicionamento de ar. 

Dessa forma, a certificação pode ser concedida de forma parcial, desde que sempre contemple a avaliação da envoltória.  

Nos edifícios residenciais são avaliados a envoltória e o sistema de aquecimento de água, além dos sistemas presentes nas áreas comuns dos edifícios multifamiliares. 

Isso inclui iluminação, elevadores e bombas centrífugas.

4- Critérios de sustentabilidade: SELO CASA AZUL 

critérios de sustentabilidade 3

Imagem: CEF

O SELO CASA AZUL da Caixa Econômica Federal foi o primeiro sistema de classificação para projetos habitacionais sustentáveis oferecido no país.

Foi criado em 2009 com a participação de três universidades: a Escola Politécnica da USP, Universidade Federal de São Carlos e Universidade Estadual de Campinas.

No total, são 53 critérios divididos em 6 categorias: 

  • Qualidade Urbana 
  • Projeto e Conforto 
  • Eficiência Energética 
  • Conservação de Recursos Materiais 
  • Gestão da Água 
  • Práticas Sociais

Para receber o Selo Casa Azul, numa das suas três categorias, o empreendimento deve obedecer a 19 critérios obrigatórios, no mínimo. 

Bronze: atende aos 19 itens obrigatórios; 

Prata: atende aos 19 itens obrigatórios e mais 6 opcionais; 

Ouro: atende aos 19 itens obrigatórios e mais 12 opcionais, pelo menos. 

Veja a tabela com todos os critérios levados em conta: 

. 1. QUALIDADE URBANA 

 

  Avaliação 

  5 critérios avaliados: 

 

 

  1.1 

  Qualidade do Entorno –
    Infraestrutura  

  obrigatório 

  1.2 

  Qualidade do Entorno –  

I    Impactos 

  obrigatório 

  1.3

  Melhorias no Entorno  

l  livre escolha 

  1.4 

  Recuperação de Áreas
  degradadas             

l  livre escolha 

  1.5 

  Reabilitação de Imóveis  

l  livre escolha 

  2. PROJETO E CONFORTO 

 

  

  1.1 critérios avaliados: 

 

 

  2.1  

  Paisagismo  

  obrigatório 

  2.2 

  Flexibilidade de Projeto  

  livre escolha 

  2.3 

  Relação com a Vizinhança       

l livre escolha 

  2.4 

  Solução Alternativa de   
  Transporte   

l  livre escolha 

  2.5 

  Local para Coleta Seletiva  

  obrigatório 

  2.6 

  Equipamentos de Lazer,  
  Sociais e Esportivos  

  obrigatório 

  2.7 

  Desempenho Térmico –              

  Vedações

  obrigatório 

  2.8 

  Desempenho Térmico – 

  Orientação ao Sol e Ventos  

  obrigatório 

  2.9 

  Iluminação Natural de Áreas

  Comuns

l livre escolha 

  2.10 

  Ventilação e Iluminação
  Natural de Banheiros

l livre escolha 

  2.11 

  Adequação às Condições  
  Físicas do Terreno

  livre escolha

  3. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 

 

  

  8 critérios avaliados: 

 

 

  3.1 

  Lâmpadas de Baixo Consumo-      

   Áreas Privativas

  obrigatório p/ HIS – 0 a 3 

   s.m. 

  3.2 

  Dispositivos Economizadores –
  Áreas Comunas

  obrigatório 

  3.3 

  Sistema de Aquecimento Solar    

l livre escolha

  3.4 

  Sistema de Aquecimento à Gás 

l livre escolha 

  3.5  

  Medição Individualizada – Gás        

  obrigatório 

  3.6 

  Elevadores Eficientes  

l livre escolha 

  3.7 

  Eletrodomésticos Eficientes  

l livre escolha 

  3.8 

  Fontes Alternativas de Energia  

l livre escolha 

  4.CONSERVAÇÃO DE   
  RECURSOS NATURAIS 

 

  

  10 critérios avaliados: 

 

 

  4.1 

  Modulação de Projeto  

l  livre escolha 

  4.2 

  Qualidade de Materiais e 
  Componentes  

  obrigatório 

  4.3 

  Componentes Industrializados
  pré-fabricados       

l  livre escolha 

  4.4 

  Formas e Escoras Reutilizáveis  

  obrigatório 

  4.5 

  Gestão de Resíduos de 

  Construção e Demolição –
  RCD

  obrigatório 

  4.6 

  Concreto com Dosagem
  Otimizada 

l  livre escolha 

  4.7 

  Cimento de Alto Forno (CPIII) e        ( Pozolânico (CP IV) 

l  livre escolha 

  4.8 

  Pavimentação com RCD  

  livre escolha 

  4.9 

  Facilidade de Manutenção da   
  Fachada 

l livre escolha 

  4.10 

  Madeira Plantada ou   
  Certificada 

l livre escolha 

  5. GESTÃO DA ÁGUA 

 

  

  8 critérios avaliados: 

 

 

  5.1 

  Medição Individualizada – Água  

  obrigatório 

  5.2 

  Dispositivos Economizadores –
  Sistema de Descarga 

  obrigatório 

  5.3 

  Dispositivos Economizadores –  
  Arejadores 

  livre escolha 

  5.4 

  Dispositivos Economizadores –  
  Outros reguladores de vazão 

  livre escolha 

  5.5 

  Aproveitamento de Águas
  Pluviais  

l livre escolha 

  5.6 

  Retenção de Águas Pluviais  

l livre escolha 

  5.7 

  Infiltração de Águas Pluviais  

l livre escolha 

  5.8   

  Áreas Permeáveis 

  obrigatório 

  6. PRÁTICAS SOCIAIS 

 

  

  11 critérios avaliados: 

 

 

  6.1 

  Educação para a Gestão de
  Resíduos de Construção e
  Demolição             

  obrigatório 

  6.2 

  Educação Ambiental dos 

  Empregados   

  obrigatório 

  6.3 

  Desenvolvimento Pessoal dos
  Empregados

l livre escolha 

  6.4 

  Capacitação Profissional dos   

   Empregados

l livre escolha 

  6.5 

I Inclusão de Trabalhadores  
  Locais

l livre escolha 

  6.6 

  Participação da Comunidade
  na Elaboração do Projeto 

  livre escolha 

  6.7 

  Orientação aos Moradores              

  obrigatório 

  6.8 

  Educação Ambiental dos 
  Moradores

l livre escolha 

  6.9 

  Capacitação para Gestão do
  Empreendimento

  livre escolha 

  6.10 

  Ações para Mitigação de
  Riscos Sociais

l livre escolha 

  6.11 

  Ações para a Geração de         
  Emprego e Renda  

l livre escolha 

  CRITÉRIO BÔNUS 

 

l livre escolha 

O Selo Casa Azul se aplica a todos os tipos de projetos de empreendimentos habitacionais apresentados à Caixa para financiamento ou nos programas de repasse. 

Ebook sobre certificações ambientais

Agora, antes de continuar, vou lhe apresentar uma sugestão para você saber muito mais sobre essas e outras certificações. 

É o nosso Ebook gratuito 6 Certificações Ambientais para sua construtora, no link, indicado para gestores, diretores, proprietários e engenheiros.

critérios de sustentabilidade 4

Continuando, você deve querer saber quanto significa a sustentabilidade de uma obra em termos de custos. 

Custos da sustentabilidade

Bem, várias pesquisas apontam que há um acréscimo no custo dos projetos que buscam uma certificação de sustentabilidade. 

No entanto, não há um consenso ou uma porcentagem exata em relação a este aumento.

Alguns estudos apontam, inclusive, que uma obra sustentável pode ter um custo menor em relação a um projeto convencional. 

Os números mais positivos aparecem quando se considera nos cálculos a redução das despesas com descartes de resíduos, que são bastante significativos.

No Brasil, empreendimentos que obtiveram a certificação LEED, a mais adotada, exigiram um investimento até 6% mais alto em relação ao custo inicialmente previsto. 

Este acréscimo se deve aos gastos de construção e despesas de certificação, como taxas e consultorias especializadas em sustentabilidade e certificações ambientais.

Porém, a disseminação das edificações sustentáveis e o desenvolvimento do mercado imobiliário trouxe uma redução expressiva nos preços de tecnologias sustentáveis.

Um bom exemplo é a produção de energia solar fotovoltaica, cujos custos vêm caindo rapidamente;

De acordo com o Portal Solar, o valor desses equipamentos teve uma queda de cerca de 30% no último ano. Já sua instalação apresentou uma redução de 40%, no mesmo período.

Menos impactos e custos operacionais

Ao implementar conceitos de sustentabilidade, com novas tecnologias,  as construtoras e incorporadoras conseguem reduzir o impacto dos seus projetos no meio ambiente.

Também diminuem o custo operacional das edificações, com a redução do consumo de energia, água e serviços de manutenção, entre outros fatores.

 Você deve ficar atento, inclusive, a uma série de benefícios fiscais que visam incentivar construções que adotam práticas sustentáveis. 

É o caso do IPTU Verde, por exemplo, adotado por algumas Prefeituras. 

Ele pode trazer um desconto de 5% a 20% para novas construções ou reformas que implementem soluções sustentáveis.

Como você vê, não faltam motivos para direcionar a sua empresa no rumo da sustentabilidade. 

Para saber mais, visite nosso site, onde temos muito material publicado sobre o tema, ou faça contato conosco, teremos satisfação em ajudá-lo.

Espero que o artigo tenha sido útil para você. Por favor, deixe seu comentário, sua opinião é muito importante para nós, e compartilhe com seus amigos, sócios e colaboradores.

Obrigado pela leitura e até o próximo artigo.

Saiba quais critérios de sustentabilidade aplicar nas suas obras Publicado primeiro em https://www.sienge.com.br



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