Você sabe qual o segundo produto mais consumido no mundo?
O primeiro é fácil: água. Depois dela, pode parecer estranho, mas é o concreto. O concreto possui cimento em sua composição e o cimento está presente em todas as etapas da obra, da fundação até o revestimento. Até a argamassa colante utilizada para assentar a cerâmica tem cimento em sua composição.
Para se ter uma ideia, um caminhão betoneira de concreto, com 8m³, possui dentro dele cerca de 2.4 toneladas de cimento. Bastante cimento, não é?
Neste artigo vamos falar um pouco mais sobre este produto, explicando a razão pela qual há diferença de cor entre os diferentes tipos.
Vamos começar falando da base de todo cimento Portland, o clínquer. Todo cimento tem seu início do processo produtivo nas jazidas de calcário – semelhantes à da foto abaixo.
A principal matéria-prima do cimento é o clínquer. Este é formado a partir da queima a cerca de 1.400ºC de uma mistura de calcário, argila e minério de ferro. Depois de resfriado, o clínquer fica com a aparecia de bolinhas, como na figura abaixo.
Posteriormente, este clínquer é mistura com gesso e algumas adições, dependendo do tipo do cimento, conforme demonstrado a seguir:
- Cimentos do tipo CPII-F – recebem adição de filer calcário
- Cimentos do tipo CPII-Z ou CPIV – recebem adição de pozolanas, que podem ser de diversos tipos, como cinzas de termoelétricas ou argila calcinada, por exemplo.
- Cimento do tipo CPII-E ou CPIII – recebem adição de escória, que é um material formato durante a produção de ferro gusa.
- Cimentos do tipo CPV recebem também adição de filer calcário, mas em menores proporções.
É normal, comparando cimentos que existem no mercado, se notar uma diferença de cor considerável entre eles. Você sabe da onde vem a cor do cimento e qual a razão de que alguns cimentos são mais escuros do que outros?
Bom, a cor do cimento varia basicamente por dois motivos. O principal delas é a adição utilizada. Como comentado anteriormente, o cimento pode ser produzido levando escória, pozolana ou filer. Estes produtos têm colorações completamente diferentes. O filer calcário e a escória possuem uma coloração clara. Já a cinza de termoelétrica (pozolana) é mais escura, por se tratar de um pó de carvão. A argila calcinada (pozolana) já apresenta uma cor avermelhada.
Com base nas cores destas adições, é de se esperar que, por exemplo, um cimento que leve cinza volante seja mais escuro que um cimento que leve filer em sua composição. É por esta razão, por exemplo, que o cimento CPII-Z ou CPIV são usualmente mais escuros que o cimento CPII-F.
Outro fator que influencia um pouco na coloração do cimento é o teor de ferro e flúor no clínquer. Quanto mais ferro e flúor, mais escuro tende a ser o clínquer. Entretanto, estes compostos, apesar de gerarem diferença de coloração do cimento, não impactam na resistência do cimento.
Agora que você já entendeu a origem da cor do cimento… há uma crença popular de que um cimento escuro é mais forte do que um cimento claro. E aí, acha que verdade?
Essa é somente uma crença mesmo. A cor do cimento não impacta em nada na sua resistência. Ou seja, um cimento mais escuro não quer dizer que ele é mais forte. Um exemplo disso é o cimento branco. O cimento branco possui altíssimas resistências. Um marco importante construído com cimento branco é o Museu Iberê Camargo em Porto Alegre.
Essa cor branca não é pintada não, é a cor do concreto. Toda a estrutura do museu foi produzida com concreto branco.
Entendeu de onde vem a cor do cimento? Bora construir?
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